A filha a casa retorna...

Clarie depois de muito tempo viajando por Portugal resolve voltar para seu lar. Cansada, resolve acampar-se próximo da cidade de Leiria.
Senta-se encostada a uma arvore, próxima a fogueira que tinha feito, admirando as estrelas.
Quando uma leve agitação do ar foi o único aviso que teve antes de se lançar para o lado. Uma espada atingiu-a de lado, cortando-a  através da roupa.  A dor queimou através de seu corpo, mas ela deixou-a de lado assim que pegou sua espada e saiu correndo.  Três homens apareceram, dois avançaram para atacá-la, enquanto o outro tentava desamarrar seu cavalo.
Clarie lutou com os dois homens, o tinido das espadas estourando em seus ouvidos. Suas mãos vibraram com os golpes repetidos enquanto ela se defendia e atacava.
Despachou um dos homens a sua frente, o outro que estava distante se aproximou e mais 1 apareceram.  
Mandaram Quatro homens para atacar uma mulher, realmente querem me ver morta.  – Falou baixinho.

Um projetado no chão e três vindo ao seu encontro. Clarie não tinha outra opção a não ser bater retirada para não ser abatida.

Onde foi ferida, o sangue derramava-se. O cheiro acre subiu e encheu suas narinas. A visão já se escurecia, e soube que se não montasse logo seu cavalo e partisse dali, ela já era.
Enfraquecida pela perda de sangue, lutou. Arriscou-se. Foi imprudente. Lutando por sua vida.
Com um rugido, um dos homens pulou na sua frente.  Clarie agarrando sua espada com ambas as mãos, balançou-a. Ela cortou o pescoço do atacante e o decapitou completamente.
Clarie não teve tempo para saborear a vitória. Havia outro caindo sobre ela. Com o que restava de suas forças, atacou-o executando.
Assobiou e seu cavalo surgiu à sua frente, e Clarie o montou. Ela podia ouvir o outro amaldiçoar, mais ela já estava distante.

— Casa. ela ordenou com voz rouca.

Segurou seu ferimento e tentou bravamente permanecer consciente, mas cada solavanco enquanto o cavalo voava pelo terreno, a visão de Clarie se esmaecia.


Antes do amanhecer, Samanttha já estava cuidando do fogo e aprontando-se para o dia. Ela estava indo atrás da casa para buscar madeira, quando o barulho de um cavalo fez Samanttha girar e ela deixou cair a braçada de madeira. O cavalo veio em sua direção e parou ao lado de Samanttha.  O suor brilhava no pescoço do animal e havia uma selvageria em seus olhos que sugeriam que ele havia sofrido um susto. Ela logo o reconheceu, era o cavalo de Clarie. Logo seus olhos cravaram na mulher caída sobre a sela e no sangue que escorria constantemente para o chão.
Antes que ela pudesse reagir, Clarie cai do cavalo com um pesado baque, batendo a cabeça em uma pequena rocha cravada no chão.  
Samanttha estremeceu.

 - Santo Jáh, Clarie, o que fizeram com você?


O cavalo dançou de um lado para o outro, deixando Clarie deitada aos pés de Samanttha. Ela se abaixou, puxando a túnica dela, enquanto procurava a fonte de todo o sangue. Quando afastou o tecido em frangalhos, viu um enorme rasgo na carne, fazendo-a arquejar.

Havia um corte que ia do quadril para logo abaixo do braço. A carne aberta foi esfolada e a ferida tinha pelo menos um centímetro de profundidade. Felizmente não era mais profundo, pois certamente teria sido um golpe mortal.
Com certeza seria necessário agulha e linha e muita oração para ela não sucumbir a uma febre.

Mas tinha que leva-la para a casa, Samanttha se levantou e correu para casa.

Edmundoooooooo - Samanttha gritou.

- O que foi Samanttha? - Disse Edmundo.

- A Clarie, ela está estirada no chão na entrada da casa ...


Edmundo não pensou duas vezes, saiu apressadamente ao encontro de Clarie. Aproximou e pegou-a no colo, levando-a para seu quarto.

Já no quarto, Samanttha faz uma inspeção mais próxima, percebendo um pequeno machucado na cabeça de Clarie, que obviamente deve ter adquirido ao cair do cavalo.

Organizou os cobertores e travesseiros em torno dela para que se sentisse mais confortável. Em seguida, ela reuniu seus suprimentos e agradeceu por Clarie ter viajado à Guarda há pouco tempo para reabastecer sua despensa de ervas. Conseguiu juntar quase tudo o que precisava. Graças ao bom Jáh, tinha um excelente dom para cura.

Quando o povo não precisa da ajuda de Samanttha, não tinham receio de chamá-la de bruxa, só por ter certos conhecimentos, mas não tinham pudores em procurá-la quando um deles precisava ser curado. Eles eram hipócritas.

Se Samanttha tivesse um espírito mesquinho, ela os trataria da mesma forma como eles a trataram, mas ela tinha um bom coração e não sabia negá-lhes ajuda.

Ela amassou ervas mistas e folhas, acrescentando água suficiente para fazer uma pasta. Assim que ficou satisfeita com a consistência, deixou-a de lado e começou a preparar ataduras de um linho que guardava para tais emergências.

Quando tudo estava em ordem, voltou para Clarie e se ajoelho ao seu lado. Ela não tinha recuperado a consciência desde que foi levada para a cama. E estava grata por isso. A última coisa que precisava era de uma mulher rabugenta reclamando.

Ela com ajuda de Edmundo, tirou-lhe as roupas de Clarie. Após ajudá-la Edmundo, sai do quarto deixando-a sozinha com Clarie.

Logo em seguida, ela mergulha um pano em uma tigela de água e suavemente começou a limpar a ferida. O sangue fresco escorria do machucado enquanto ela tirava a crosta seca. Era meticulosa em sua tarefa, não querendo deixar uma partícula de sujeira na ferida quando se fechar.
Era um ferimento irregular e que deixaria uma cicatriz grande, mas não era nada que a mataria se ela não tiver febre.
Depois de estar convencida de que Clarie estava limpa, ela apertou a carne novamente e pegou a agulha. Prendeu a respiração no momento em que espetou a agulha na primeira vez, mas Clarie continuava a dormir, então rapidamente fez os pontos, certificando-se de que estavam bem apertados e juntos.
Calculou que a ferida devia ter pelo menos oito centímetros de comprimento. Talvez dez. De qualquer forma, Clarie sentirá dor quando se mover nos próximos dias.
Quando ela fez o último ponto, sentou-se e suspirou de alívio. A parte mais difícil tinha acabado. Agora precisava cobri-la de bandagens e segurá-la no lugar. Tirou os cabelos de seus olhos e foi esticar suas pernas que doíam.

Caminhou até o penhasco, aonde estava Edmundo olhando a Amellie brincar.

 - Como ela está?  - Perguntou Edmundo, logo depois que ela se aproximou.

- Aparentemente bem, conhece a Clarie, não será isso que irá matá-la. - Samanttha disse com um sorriso tímido no rosto.

- Amellie sabe o que aconteceu?

- Ela sabe apenas que Clarie voltou de viagem, nada mais, o bom que ela e Clarie não são muito apegadas.

- Pois é; vou ver como está a Clarie e terminar de cuidar do seu ferimento, continue a cuidar da Amellie.

Samanttha volta pra casa, vai na cozinha e pega uma bacia cheia de água. Então, lavou a ferida mais uma vez antes de aplicar uma grossa camada de cataplasma sobre a carne suturada. Dobrou várias tiras de tecido para fazer uma bandagem. E desajeitadamente enrolou as tiras ao redor da cintura para segurar a bandagem no lugar.

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