quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

(...)
- Outra vez! - Clarie levantou seu braço e ordenou a Edmundo para que atacasse uma vez mais.
 
Ed investiu com um sorriso selvagem, e suas espadas se chocaram produzindo uma série de faíscas.
A violência era purificante, algo que lhe revitalizava, acalmava. Sem saber o motivo, o sonho que tivera a noite, tinha deixado ela irritada, como não tinha intenção de comentar a ninguém, tinha que se distrair para esquecer-lo.
O escudo de Edmundo chocou subitamente contra o de Clarie, sacudindo seus ossos. Clarie se equilibrou, devolvendo um golpe horizontal de sua espada que teria cortado a qualquer um pela metade. Mas Edmundo foi rápido. Saltou para trás, então e se agachou bem a tempo para ficar debaixo da espada de Clarie.
 
A-ha! - ele gritou, com a ponta de sua espada sobre o queixo de Clarie, seus olhos acesos com a vitória. 

A imagem daquele homem com quem sonhava, apareceu em sua mente outra vez e seu pulso começou a acelerar-se.

- Trabalha em sua velocidade, preguiçosa - Edmundo provocou, interrompendo seus pensamentos. – Você hoje está muito distraída, assim não terá diversão alguma em derrota-la.

As palavras do Edmundo ecoaram em sua alma. Pelas Deusas. O que lhe passava? Ela não era uma donzela frágil, boba e apaixonada. Ela era Heloise Clarice Ataide. Tinha açoitado ladrões, matado homens culpados ou inocente, domado feras e ferido bandidos. Não permitiria perder seu tempo com um sonho bobo.

A fúria esquentou suas bochechas. Empurrou a espada de Edmundo a um lado com seu escudo.

- Outra vez! – falou.

Faíscas explodiram quando suas espadas se chocaram uma vez mais. Edmundo girou e saltou, movimentava sua espada como se fora de brinquedo, mas o escudo de Clarie estava sempre ali para responder. Enquanto Ed mostrava todos seus truques, Clarie poderosamente rebatia os golpes com sua própria espada, mantendo longe a de Edmundo com sua força e uma crua determinação que não  permitia que fosse derrotada.
Mas não era Edmundo a quem ela procurava ganhar, a não ser os demônios que habitavam seus pensamentos.
Ela desviou a espada de Ed que ia para sua cabeça.
Ela avançou incansavelmente, golpeando a mão direita e sinistra em rápida sucessão, até que Edmundo estava contra a cerca.

-Heloise, Edmundo. – Samanttha os chamou ainda distante, fazendo Clarie abruptamente parar. 

Edmundo usou a distração para deslizar-se por debaixo da guarda de Clarie, para golpear as costas delas com o anverso de sua espada.
- Regra, numero um Clarie, nunca se distraia quando estiver em um combate. Estaria morta agora. – Disse Ed com um malicioso sorriso.

-Vocês não vão comer? - Falou Samanttha, parando a uma boa distância com suas mãos em seu quadril.
Clarie a ignorou, aproveitando a distração de Edmundo, investindo nos joelhos dele.
Edmundo saltou por sobre a espada e devolveu um golpe que se ela não tivesse agachado-se, teria arrancado a sua cabeça.
Samanttha fez cara de espanto, levando suas mãos ao rosto.
Ed rodou, então se arqueou e saltou ficando de pé outra vez, pronto para batalhar. 

-Parem.- Samanttha grita. 

Clarie bloqueou o próximo golpe de Ed. e ordenou sobre seu ombro.

-Volta para dentro, Samanttha.
-Mais já está na hora do jantar.
- Jantar? Clarie girou, então lançou um olhar ao o sol, estava baixo no céu. O tempo tinha pirado nesse dia.
- Sim - Samanttha disse – A horas vocês estão nisso. Logo vai anoitecer. -Sorrindo em seguida para Edmundo em busca de apoio.

Esse instante de distração lhe custou um pequeno corte na bochecha da espada de Clarie. Ele fez um gesto de dor, apertando os dentes.
- Cuidado com as distrações. – Soltou Clarie, com um sorriso no rosto.
Samanttha conteve a respiração.
-Talvez devêssemos entrar - Edmundo disse, abaixando sua espada.

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