domingo, 9 de fevereiro de 2014

Ainda agora, era difícil olhá-lo, sem notar o tom verde cinzento de seus olhos, seu cabelo brilhante, o forte ângulo de seu queixo, sua boca curvada que parecia chamá-la, tentá-la, convidá-la a…
Claire olhou em seus olhos.
O que ele estava pensando? – Perguntou-se a se mesma.
Ela se endireitou e se esticou enquanto ele tirava suas botas, desabotoou seu cinturão, e começou a tirar suas calças, tudo com deliberada tranquilidade.  Isso a irritou, algo que Clarie não tinha era paciência.

- Te apresse -  ela murmurou.

Ele olhou para baixo, com um sorriso insolente no rosto enquanto terminava de tirar as calças.

 - Paciência, minha dama - ele murmurou.

Clarie desejou golpeá-lo outra vez, mas afogou esse impulso.  
Então, sem cerimônia, ele baixou o último objeto.
Seus olhos faiscaram perigosamente.

-E agora o que quer? - Ele perguntou docemente.  - Você gostaria de ver se te cabe?

Se ele queria insultá-la, tinha falhado. Clarie foi se acostumando com o passar dos anos, com os  insultos, ao que ela tinha aprendido a responder, ao princípio com a espada e mais tarde com a indiferença.

- Toma, minha lady -  disse seu companheiro, jogando as  suas e as roupas do seu companheiro aos pés dela.
- Perdoe a meu amigo. É lento mentalmente e muito rápido com a língua. Tirou-nos nossas armas. Tem nossas roupas. Você ganhou. Rogo-lhe, deixe-nos ir em paz.

Rapidamente, ela tomou as roupas do homem insolente e de seu companheiro com sua mão livre, as pondo logo sobre seu ombro. Então saudou os homens com uma breve sacudida de cabeça e se apressou a sair dali.
Clarie estava afastando-se quando o insolente a chamou.

- Esqueceu-se de algo, dama.

Sempre em guarda, ela virou-se com sua espada pronta para atacar. Mas era muito tarde.  Algo passou assobiando perto de sua orelha e se alojou no tronco da árvore ao lado dela. Era uma adaga.
Ela se sobressaltou. A adaga não lhe tinha acertado por uns poucos centímetros. Mas quando ela fixou seus olhos no homem que a jogou, parado ali em aberto desafio, soube logo, que ele tinha tido a intenção de errar. O que era ainda mais ameaçador.
Sua mensagem era clara. Ele podia tê-la matado. Ele simplesmente escolheu não fazê-lo.

Clarie  embainhou sua espada e deu-lhe as costas, se afastando com toda a calma,  com um sorriso no rosto, sabia que o veria novamente e ela gostava de um bom desafio, e sabia que com ele seria uma boa experiência.

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