Tasca Viúva Negra

Logo iria anoitecer, e por algum milagre, Clarie ainda não tinha bebido nada naquele dia, e por isso estava de mal humor. 
Na tentativa de descontrair-se, Clarie resolve ir na Taberna Ibérica , beber algo para refrescar a garganta e animar o seu humor. 

Ao entrar na tasca, ela não se deu ao trabalho de cumprimentar as pessoas que estavam presentes. Ao invés disso, dirigiu-se para uma mesa no fundo da tasca, onde logo se serviu com uma garrafa de brandy. 
Com o copo na mão e bebendo pequenos goles de brandy, Clarie começou a observar as pessoas ao seu redor. 
Por algum motivo não pareciam normais, eles estavam rindo à toa, se abraçando e outros pareciam ter alucinações, foi isso que ela deduziu quando um homem gritou apontando para a janela. 

-OLHEM UNICÓRNIOS... Eu quero um. – E saiu correndo porta a fora atrás do tal “unicórnio”

Clarie curiosa, agarrou a mão do garçom que estava passando ao seu lado para servir outra mesa. O rapaz a olhou fixamente e perguntou: 

- Mais bebida, Srta.? 

- Me diga o que aconteceu com essas pessoas? Elas parecem estranhas...além do normal. – Disse Clarie ignorando a pergunta. 

O rapaz não lhe disse nada, apenas ficou a olhar, oras pra mesa, oras pra ela. Clarie logo entendeu o recado, tirou-lhe uma moeda do bolso e colocou na mesa, próxima a garrafa quase vazia de brandy. O rapaz agachou-se, trocando a garrafa quase vazia por uma cheia e murmurou-lhe: -Eles estão assim por causa do Chá. 

-Chá – Falou Clarie incrédula  Que tipo de chá? 

O Rapaz olhou novamente para mesa. 

-Oras seu ladrãozinho... Aff... Tudo bem, mais conte tudo que sabe. – Disse Clarie, colocando outra moeda na mesa. 

- O chá do Sr. Habbys, feito com umas ervas que ele ganhou de uns franceses, ele plantou próximo ao lago, e pelo visto a planta adaptou bem ao nosso clima. Só isso que a Srta. queria saber? 

- Sim, pode ir. 

Ao terminar de falar, o rapaz afastou-se da mesa, guardando as duas moedas em seu bolso. Clarie voltou a observar o comportamento das pessoas, foi quando um homem roliço, de cabelos e barbas loiras, levantou-se da mesa e começou a dançar e a tirar-lhe as vestes. 

“Não bebi o suficiente para suportar ver essa cena” – Pensou Clarie, irritada olhando as pessoas, que ao invés de fazer o homem parar, estavam incentivando batendo palmas e rindo para ele. 
E para piorar, uma mulher de cabelos ruivos, resolve entrar na brincadeira, e começou a dançar sensualmente, provocando o homem e todos ao seu redor. 

Clarie começou a beber, para acalmar-lhe os nervos, bebeu uma, duas, três copos seguidos de uma só vez... Foi quando percebeu que a bebida tinha acabado. 

- MAIS BRANDY – ela gritou. 

Mas ninguém deu-lhe atenção, estavam eufóricos, com o casal dançando. Irritada, Clarie pegou a garrafa e a lançou na direção do casal, acertando bem em cheio na cabeça do homem roliço, no qual cambaleou e caiu inconsciente sobre uma mesa, a qual quebrou-se com o impacto e peso. 
Neste instante, todo mundo calou-se e virou na direção que o objeto tinha vindo para ver quem foi o autor do arremesso. 

Clarie ignorando os olhares e comentários sobre ela, caminhou até o balcão, passando em cima do homem, estirado sobre a mesa que estava agora no chão, tomou a garrafa da mão do taverneiro e depositou umas moedas no balcão. 

- Isso paga o que consumi e pelo prejuízo que fiz. – Disse Clarie, virando as costas e saindo da tasca.



- Bando de malucos – Resmunga Clarie, já fora da tasca. – Será que não consigo saborear uma boa bebida sossegada? 

Olhou para trás e viu pela janela as pessoas socorrendo o homem estirado no chão. 

Ah...não ser....porque não pensei nisso antes? – Clarie sorriu. 

A irritação da Clarie, logo passou, e ela antes de ir para casa contar a nova para Samanttha e Edmundo, resolve passar no lago.


(...) 

-SAMANTTHA, EDMUNDO - Gritou Clarie, ao entrar em sua residência. 

Não demorou muito Samanttha aparece, saindo da cozinha, limpando as suas mãos em seus vestidos. Logo em seguida Edmundo, vindo da sala, bocejando, parecia que estava dormindo. 

-O que aconteceu, Clarie? Porque os gritos? – Disse Samantha 

-Tenho boas novas, comprei uma taverna. – Disse Clarie, sorrindo, balançando em sua mão umas chaves. 

-Uma Ta...Verna?- Samanttha gaguejou incrédula. 

- Sim, Samanttha, uma Taverna ou taberna, tanto faz, um lugar onde pessoas vão para beber....Ou fazer negócios... 

-Eu sei o que é uma taverna Clarie, só quero entender porque adquiriu uma, já que não gosta de se envolver com pessoas. 

- Aí que vocês entram, comprei a tasca com um único intuito, retornar as minhas antigas atividades, não irei trabalhar lá... – Diz Clarie sorrindo. - Mas bem, você – Apontando o dedo para Samanttha – Atenderá e servirá os clientes.E você – Apontando para o Edmundo  Se encarregará com a segurança da tasca, batendo nos caloteiros e expulsando os engraçadinhos e brigões. 

- E Amellie? –Pergunta Samanttha. 

- Oras fica em casa. 

- Clarie, Amellie só tem 5 anos, não pode ficar sozinha em casa. 

-Aff, então leva a pequena dia... criança pra Tasca. 

Edmundo que até o momento estava calado, coça a barba e diz: 

- Se eu entendi bem, você pretende retornar as suas antigas atividades e usar a tasca para camuflá-las, estou certo? 

-Certíssimo. 

- Então, a tasca não será um lugar seguro para Amellie. – Disse Edmundo, olhando para Samanttha. 

Co..mo assim? Que negócios são esses, Clarie. – Disse Samanttha, colocando as mãos na cintura, olhando seriamente para Clarie. 

- Não importa... no andar superior tem 2 quartos, Amellie pode ficar em um deles e você Edmundo se encarregará da segurança dela. 

-Mas... 

Clarie olha seria para Edmundo, fazendo-o calar 

- Aliás, toma Samanttha - Depositando uma muda na mãos de Samanttha - plante essas ervas ao redor da propriedade, talvez ela me seja útil no futuro. 
- Na onde, você arranjou essas ervas? – Disse Samanttha, olhando para a planta em suas mãos. 

-Eu as roubei, agora vou dormir, amanhã teremos muito trabalho. – Disse Clarie, ignorando os dois e dirigindo-se ao seu quarto.
_________________

0 comentários:

Postar um comentário