quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Um sonho pertubador

Clarie bebe uma, duas, três, quatro, cinco copos de brandy seguidos, o álcool, melhorava o seu humor.
Sentada na poltrona com uma garrafa de brandy e um copo na outra mão, começou a sentir um forte calor lhe subir o corpo.

Seu sangue parecia estar fervendo.
“Não deveria beber tanto de barriga vazia” - Pensou Clarie. Enquanto desabotoava a camisola, agitou o corpete de modo que o ar pudesse penetrar por baixo do tecido e refrescar sua pele.

O calor continuou se espalhando por seu corpo e rosto. Fechou os olhos, ao abrir olhou ao redor, não reconheceu o ambiente, aquele não era seu quarto. Estava num longo corredor, com uma infinidade de portas de ambos os lados. Suas vistas estavam embaçadas.
Sabia que estava na sua casa, mas não reconhecia a ala onde se encontrava. Tinha portas demais e todas iguais. Atrás de qual delas chegaria ao seu quarto?
De repente, sentiu que seus braços e pernas pesavam como chumbo. Obrigou-se a caminhar, porém seus pés pareciam deslizar, até que, finalmente, conseguiu se apoiar em uma maçaneta.
Girou-a e espiou pela canto da porta. Estava em uma grande suíte, mas não era seu quarto. Curiosa, ela entrou e fechou a porta.
Olhou ao redor, e seu olhar parou-se na cama, que ficava no centro do quarto. Era imensa, com a cabeceira entalhada e quatro colunas sustentando um dossel ricamente bordado.
E um homem e uma mulher estavam se abraçando, pecaminosamente nus, sobre as colchas.
Clarie cogitou voltar atrás e sair antes que eles dessem por sua presença, mas continuou onde estava, hipnotizada. O homem estava deitado de costas e a mulher, ajoelhada na altura dos quadris dele. Ela era morena. Montava-o como em um cavalo, com graça e fluidez.
Apesar de estar escuro, Clarie tentou reconhecer a mulher. Ao estreitar os olhos, viu seu próprio rosto no lugar onde a mulher deveria estar.
Seria ela quem estava deitada naquela cama?... E Quem era o homem com quem compartilhava? 
Tinha a impressão de estar flutuando no ar como um fantasma.
Leve como uma pluma, Clarie recuou para as sombras e se concentrou no homem.
Ela não fazia ideia de quem era e, no entanto, ele lhe parecia familiar...
O casal executava uma dança sensual e elegante, como artistas a desempenhar seu papel. Seus corpos se alongavam e se contorciam, ondulavam e enrijeciam, enquanto seus membros os acompanhavam em movimentos coordenados.
As sensações que a inundavam a faziam acreditar que poderia ser ela a mulher sobre a cama.
Em certo momento, o homem a surpreendeu e sorriu.
"Venha para mim"- o estranho parecia dizer - "Deixe-me ser esse homem com quem sonha."
As carícias prosseguiram.
De repente, ela não conseguiu respirar. Ela fechou os olhos e quando abriu os olhos, o homem estava à sua frente, sem que soubesse explicar como.
E seu rosto estava cada vez mais próximo.
Fechou os olhos à espera de um beijo. Sentiu, no entanto, o roçar do tecido conforme ele afastava a camisola(...).  As carícias se tornaram mais intensas. Um gemido se fez ouvir.
Ela quis se afastar, incapaz de continuar suportando aquela doce tortura. Ao empurrá-lo, contudo, sentiu as mãos tocarem o vazio.
Clarie abriu os olhos. Estava em seu próprio quarto, em sua própria cama. Os lençóis amarfanhados e os travesseiros caídos no chão davam ampla evidência de seus sentidos alterados.
Algo havia acontecido. Um sonho ou um pesadelo?
Ao tentar se levantar, caiu para trás e precisou fechar os olhos novamente. Sua cabeça doía e seu coração batia tão forte. Tinha o corpo coberto de suor.
Ao olhar ao redor, sentiu um calafrio. O luar derramava formas escuras e fantasmagóricas sobre a penteadeira, e uma garrafa vazia se destacava nas sombras, com um reflexo brilhante.

0 comentários:

Postar um comentário